Por Assessoria CTE*
Durante o período de quarentena adotada no Brasil como medida de enfrentamento a pandemia do Covid-19, vírus responsável pela transmissão do novo coronavírus que atinge os atletas do Centro de Treinamento Esportivo (CTE/UFMG) também deram uma pausa nos treinamentos para se resguardar e cuidar do próximo. Durante o isolamento os atletas olímpicos e paralímpicos vêm recebendo acompanhamento da equipe multidisciplinar do CTE.
O professor do Departamento de Esportes da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), Marcos Drummond, coordenador da equipe de Nutrição do CTE, assim como do Laboratório de Nutrição e Treinamento Esportivo (LAN), falou sobre a importância da alimentação para o atleta, tanto na proteção contra o Covid-19 quanto para mitigar a ausência de treinos com a devida estrutura do Centro.
“A alimentação vai além do ato de ingerir alimentos, sendo importante para o bem-estar social e psicológico. Nesse período de isolamento social e suspensão dos treinos, a alimentação precisa ser ajustada, para não se tornar uma forma de escape ao estresse psicológico. A ingestão exagerada de alimentos, como forma de obtenção de conforto e prazer, pode levar ao aumento exagerado de peso corporal, que trará dificuldades ao atleta no retorno aos treinos. Entretanto, uma alimentação insuficiente e desequilibrada pode diminuir a capacidade do sistema imunológico, seja antes, durante ou após esse conturbado período. O setor de nutrição do CTE mantém um canal de comunicação aberto com os atletas, além de um tira-dúvidas através do Instagram do LAN – @lan.ufmg”, disse.
Além da equipe de Nutrição, as áreas da Psicologia do Esporte, Fisioterapia e das diversas modalidades esportivas olímpicas e paralímpicas do Centro atuam na tentativa de manter os esportistas sob as melhores condições físicas e psíquicas possíveis, tornando esse período de reclusão mais confortável e auxiliando para que estejam menos vulneráveis ao coronavírus.
O docente do Departamento de Esportes da EEFFTO, Franco Noce, coordenador da Psicologia do Esporte no CTE, comentou sobre a relevância das pessoas manterem uma mente sã, sobretudo neste período de isolamento social. Ele apontou ainda maneiras de atingir essa meta.
“Sendo a saúde definida pela OMS como um complexo sistêmico que vai para além da saúde física, é importante ter conhecimento que os demais componentes da saúde são fundamentais para manter esse sistema íntegro. A saúde mental tem se evidenciado nos últimos anos sendo estudada em vários ambientes e em destaque no esporte. A equipe de psicologia do esporte do CTE/UFMG desenvolveu recentemente uma campanha para proteger a saúde mental em tempos de crise. Um programa de sete dias foi apresentado, contendo uma dica diária. Alguns exemplos desses conselhos são: ter cuidado com o volume de informações, programar atividades prazerosas em sua rotina, cultivar sentimentos positivos, entre outros. Não é a primeira vez que a humanidade enfrenta desafios. Mais uma vez esperamos que a lição seja aprendida e que a sociedade evolua moralmente como coletividade. O ser humano tem uma grande capacidade de adaptação e superação. Saúde, trabalho e Fé. Vamos superar mais esse desafio”, afirmou.
A professora do curso de Fisioterapia da EEFFTO e coordenadora desse mesmo setor no CTE, Juliana Ocarino, disse que a fisioterapia tem mantido atenção a distância aos atletas que estavam em reabilitação.
“Cada um deles recebeu uma ficha de tratamento para ser realizada em casa que foi executada com os atletas na terça-feira, 17 de março (último dia de funcionamento do CTE). Semanalmente, os estagiários entram em contato com cada atleta individualmente para lembrá-lo de fazer os exercícios, tirar dúvidas em relação a execução dos mesmos e ir acompanhando a evolução. Seguindo a sugestão do Luciano, estamos elaborando também alguns materiais de orientação que vamos disponibilizar aqui, pois também podem ser úteis para outros atletas que não estão em tratamento. Vamos liberar essas notas de orientação aos poucos para não aumentar muito o número de informações que os atletas estão recebendo semanalmente”, completou.
As equipes de alto rendimento também foram afetadas com a interrupção, no CTE são ao todo 5 modalidades olímpicas (Atletismo, Judô, Natação, Taekwondo e Triatlo), e 3 de esporte paralímpico (Atletismo, Halterofilismo e Natação). Exemplificando os esforços dos corpos técnicos dos diferentes esportes do Centro, o treinador da equipe de saltos e provas combinadas do Atletismo Olímpico, Marcio Viana Prudêncio, comentou sobre o trabalho dos atletas no período de isolamento social devido à pandemia do coronavírus.
“É importantíssimo que os atletas, neste período de afastamento social, consigam de alguma forma, independente do horário ou do local, que eles tenham rotinas de treinamentos, atletas são muito fundamentados em rotinas, porque esta situação já é um distúrbio na rotina deles de ir às quatro horas para o centro de treinamento, treinar até às dezoito horas e voltar, então já está havendo um distúrbio. Então se você aumentar treino de manhã, treino a tarde, treino a noite, e não criar esta rotina, este hábito, acaba perdendo o foco e o objetivo. Então primeiro de tudo, manter a rotina, segundo, nós fizemos adaptações todos os treinadores, inclusive eu, fizemos treinamentos que sejam possíveis deles executarem em casa, em qual sentido? Boa parte das atividade técnicas estão reduzidas, não conseguimos fazer trabalhos técnicos no sentido físico, mas conseguimos olhar vídeos, discutir em nossas reuniões os vídeos, conseguimos fazer uma série de coisas.”, disse.
Os treinos do CTE estão suspensos por tempo indeterminado enquanto a instituição aguarda novos comandos das autoridades responsáveis.
*Bruno Freire, Fabiano Guieiro e Filipe Guedes
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG tem o apoio da Secretaria Especial de Esporte do Ministério da Cidadania, que financia os projetos Formação de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa Aplicados ao Esporte de Alto Rendimento e Esporte Paralímpico de Alto Rendimento: Formação de Atletas, de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa. Os projetos desenvolvem ações em modalidades olímpicas e paralímpicas, atuando desde a iniciação esportiva até o alto rendimento, na cidade de Belo Horizonte e sua região metropolitana.