Por Fabiano Guieiro
Um estudo realizado por professores da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG, mostra que trabalhadores noturnos ou por turno têm menor resposta imunológica a vacinação. O estudo foi publicado na revista Elsevier e foi feito em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Segundo o artigo, trabalhadores noturnos demonstram um prejuízo na resposta humoral, celular, além de alterações hormonais, em relação aos trabalhadores diurnos. De acordo com a literatura, estudos demonstram a existência de perfis diferentes na resposta à vacinação em indivíduos saudáveis, sendo que alguns demonstram resposta mais vigorosa em relação a outros.
Um dos autores do estudo, o Prof. Dr. Marco Tulio Mello do Departamento de Esportes da EEFFTO, explica que a qualidade do sono interfere diretamente nessa baixa resposta.
“Ela é menor porque as pessoas estão dormindo menos. As pessoas que trabalham a noite ou trabalham por turno acabam dormindo durante o dia. E o período que dormem durante o dia não é igual ao período da noite. Então dormir de dia é muito mais prejudicial do que dormir a noite. Você tem uma qualidade e eficiência do sono menor, a parte hormonal de neurotransmissão está toda alterada. Por isso que as pessoas dormem menos e, dormindo menos, elas acabam com um déficit e uma cara imunológica menor. Então a restrição do sono e a privação do sono faz com que isso ocorra”, disse.
Entre os próximos passos da pesquisa estão avaliar a resposta a outros tipos de vacina, como, por exemplo, contra influenza ou outras doenças respiratórias. Especificamente, considerando a atual pandemia, buscam investigar como esses trabalhadores responderão à nova vacina contra o Covid-19. Também está na pauta avaliar a resposta à vacina nesses trabalhadores considerando diferentes escalas de trabalho, além da investigação de intervenções capazes de reverter essa resposta hormonal reduzida, como o uso de doses de reforço ou doses múltiplas nessa população, que possam maximizar a resposta à vacinação.
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG tem o apoio da Secretaria Especial de Esporte do Ministério da Cidadania, que financia os projetos Formação de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa Aplicados ao Esporte de Alto Rendimento e Esporte Paralímpico de Alto Rendimento: Formação de Atletas, de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa. Os projetos desenvolvem ações em modalidades olímpicas e paralímpicas, atuando desde a iniciação esportiva até o alto rendimento, na cidade de Belo Horizonte e sua região metropolitana.