Dia Internacional da Igualdade da Mulher: a evolução das mulheres no esporte olímpico

Por Fabiano Guieiro

O dia 26 de agosto é reconhecido como Dia Internacional da Igualdade Feminina. Sabemos que durante os anos, e atualmente também, as mulheres brigam por uma simples palavra que representa bem o dia: igualdade. As conquistas de direitos das mulheres são bem recentes. Em 1988, quando a Constituição da República foi assinada, a reivindicação pela igualdade ficou registrada na Carta Magna: “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos desta Constituição”. A Lei nº 10.872, de 10/09/2001, estabelece medidas que garantem e asseguram a igualdade feminina. Na prática, sabemos que ainda há um longo caminho em diversas esferas.


No esporte não é diferente, as mulheres vêm conquistando seu espaço. Entre preconceitos e discriminações, houve um aumento no número de oportunidades no esporte, mas claro, ainda há um longo caminho a se percorrer.


O principal evento esportivo do mundo, as Olimpíadas, foi, por muito tempo, marcado por diversas situações de desigualdade com as mulheres. O idealizador do renascimento desses jogos, Pierre de Coubertin, tinha um pensamento típico daqueles tempos e, na primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, manteve as mulheres longe das competições, tal como ocorria nos Jogos Olímpicos da Antiguidade. O primeiro registro de participação de mulheres nos Jogos Olímpicos da Era Moderna é de 1900. 120 anos depois, embora tenha crescido a participação, as mulheres continuam sendo menos representadas no maior evento esportivo mundial, situação que não deve mudar em 2021.


Mas, de lá pra cá, o que mudou? Entrevistamos a Profa. Dra. Andressa da Silva de Mello, do Departamento de Esportes – EEFFTO/UFMG, para falar sobre o assunto. Segundo a professora (que também é Coordenadora do Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício (CEPE/UFMG); Coordenadora de Esportes Paralímpicos do CTE/UFMG; Coordenadora do CRPB/CPB/UFMG), é evidente que, ao longo dos anos, as mulheres ganharam notoriedade e já são protagonistas e referências no esporte. Mas ainda lutam para conquistar e consolidar a igualdade de direitos, oportunidades, tratamento e, até mesmo, de salários e gratificações.


Profa. Dra. Andressa da Silva de Mello, do Departamento de Esportes – EEFFTO/UFMG


Essa é a mesma constatação da Roberta Cristiane Braz de Oliveira, ex-atleta e hoje treinadora de Arremesso de Peso pelo CTE. Roberta, ao longo de sua trajetória em um esporte muitas vezes tido como masculino, ressalta o esforço para se consolidar no meio. “Foi um longo caminho, com muito trabalho, dedicação e perseverança. Depois de resultados consolidados pude obter essa oportunidade”, disse a treinadora.

Treinadora Roberta Cristiane Braz de Oliveira, Arremesso de Peso. Foto: Arquivo Pessoal


Mas o caminho não foi fácil. Nossa treinadora contou sobre os preconceitos que já sofreu enquanto atleta. “Falas inadequadas, machismo, menosprezada por ser mulher, desigualdade. Encarei no momento como não reconhecimento, um sentimento ruim. Mas sempre me desafio ao crescimento e busco pelos meus ideais”, lembrou Roberta.


Nos últimos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, foram disputadas 306 provas com medalhas, sendo 136 femininas, 161 masculinas e nove mistas, em 42 modalidades. E, nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, foram disputadas 528 medalhas, sendo 226 femininas, 264 masculinas e 38 mistas, em 23 modalidades esportivas. Já nas próximas Olimpíadas, devemos ter um número recorde de atletas femininas competindo, segundo o COI, a previsão é de que 48% dos competidores serão mulheres, a maior porcentagem da história.


No CTE,o objetivo é formar essas atletas para integrarem o time olímpico brasileiro no futuro. Nossas atletas em formação (adultas e adolescentes) recebem o acompanhamento de nossa equipe multidisciplinar para desenvolver ao máximo o potencial nas modalidades em que estão inscritas no programa.


Em algumas modalidades, como no Judô, elas estão em igual número (6 atletas mulheres, 50% do time da modalidade). Em outras modalidades, o time feminino alcança uma porcentagem relevante, e a tendência é o aumento da participação das mulheres nas equipes (no time de Natação, por exemplo, a equipe é formada por 30% de mulheres; Taekwondo, 25%; Taekwondo Paralímpico, 20%).


A coordenadora de Esportes Paralímpicos do CTE/UFMG, prof. Andressa Silva, prevê melhores condições, tanto em número, como também em garantias, no futuro do esporte: “Entidades como o COI já se posicionaram positivamente em relação a igualdade de gênero e já que possuem estratégias para incentivar e fomentar a participação feminina no esporte. Em Tóquio já poderemos ver essas mudanças, acredito que a união das mulheres em busca da sua valorização no esporte, e mostrar dia a dia que além de mães, esposas são excelentes atletas, profissionais e gestoras no esporte”, avalia.

O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG tem o apoio da Secretaria Especial de Esporte do Ministério da Cidadania, que financia os projetos Formação de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa Aplicados ao Esporte de Alto Rendimento e Esporte Paralímpico de Alto Rendimento: Formação de Atletas, de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa. Os projetos desenvolvem ações em modalidades olímpicas e paralímpicas, atuando desde a iniciação esportiva até o alto rendimento, na cidade de Belo Horizonte e sua região metropolitana.

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