Por Equipe de Fisioterapia CTE UFMG
A equipe de Fisioterapia do CTE UFMG realizou um questionário com os atletas de atletismo olímpico com o objetivo de compreender sua percepção quanto à definição, causa, manejo e educação sobre lesões musculoesqueléticas. Como conclusão do estudo, foi evidenciada a necessidade do investimento na educação desses atletas acerca da temática de lesões, visto que grande parte já sofreu algum tipo de lesão que causou afastamento do treinamento esportivo e que a maioria deles sente que lhes faltam informações a respeito.
Ainda, nota-se que poucos consideram a possibilidade de procurar o fisioterapeuta preventivamente. A definição de um conceito de lesão pode ser considerado um dos primeiros passos para traçar planos preventivos efetivos e que contem com a adesão dos atletas. Para isso, é necessário que o conceito esteja claro dentre todos os componentes da equipe que tem como centro o cuidado do atleta e a otimização da sua performance, com uma boa comunicação e um claro entendimento que servirá como base da compreensão da importância da prevenção de lesões.
Abaixo, foram elencados os principais pontos para se entender como é definida uma lesão.
O que é lesão?
A definição de lesão depende do contexto de trabalho em que o fisioterapeuta está inserido.
DEFINIÇÕES TEÓRICAS
Geralmente associada a alterações biológicas no corpo humano
Exemplo de resposta dos atletas:
“É quando machuca ou sente que tem um rompimento leve, uma parte muscular ou no nervo, torção ou até fratura”.
DEFINIÇÕES OPERACIONAIS
São definições mais práticas, para facilitar o monitoramento de lesões.
Podem ser de dois tipos:
- “lesões que acarretam o afastamento ou restrição do atleta em treinos ou competições” – Fácil identificação, mas tem a desvantagem de nem toda lesão gerar afastamento.
Exemplo de resposta dos atletas:
“Quando a pessoa está machucada e não consegue treinar”.
- “lesões que demandam atendimento de um profissional da saúde” – Uma vantagem dessa definição é que a partir dela nem sempre o atleta precisa estar afastado para ser considerado lesionado e a desvantagem é que nem sempre o atleta tem acesso a uma equipe de saúde.
Exemplo de resposta dos atletas:
“É quando a gente tem que ir à fisioterapia”.
DEFINIÇÕES HÍBRIDAS
Consideram pelo menos dois fatores, como por exemplo o atleta estar lesionado e ter sido atendido por um profissional da saúde.
DEFINIÇÕES ABRANGENTES
“Uma desordem neuromusculoesquelética, independente de suas consequências”, ou seja, qualquer queixa do atleta.
Uma vantagem desse tipo de definição é que toda lesão será considerada e nada fica de fora. Sua validade ou não vai depender do contexto. Por exemplo: uma bolha no pé pode não ser tão relevante para um nadador, mas seria super relevante para um corredor.
Este ano, o Comitê Olímpico Internacional publicou um consenso sobre formas de registrar e classificar as lesões, trazendo o seguinte conceito:
“Dano tecidual ou outro comprometimento da função física normal devido a participação esportiva, resultante da transferência rápida ou repetida de energia cinética.”
Então, qual a melhor definição de lesão?
É aquela extremamente clara para todos os envolvidos no processo de atenção ao atleta, que faz sentido para os profissionais responsáveis pelo monitoramento, para os atletas e para a equipe de trabalho. Definir esse conceito em conjunto torna possível monitorar a ocorrência e severidade das lesões.
REFERÊNCIAS:
Bahr, R., Clarsen, B., Derman, W., Dvorak, J., Emery, C. A., Finch, C. F., Hägglund, M., Junge, A., Kemp, S., Khan, K. M., Marshall, S. W., Meeuwisse, W., Mountjoy, M., Orchard, J. W., Pluim, B., Quarrie, K. L., Reider, B., Schwellnus, M., Soligard, T., Stokes, K. A., … Chamari, K. (2020). International Olympic Committee consensus statement: methods for recording and reporting of epidemiological data on injury and illness in sport 2020 (including STROBE Extension for Sport Injury and Illness Surveillance (STROBE-SIIS)). British journal of sports medicine, 54(7), 372–389. https://doi.org/10.1136/bjsports-2019-101969
Barboza, Saulo Delfino. PROFISIO Fisioterapia Esportiva e Atividade Física. 1 ed., vol. 1, Porto Alegre, Artmed Panamericana, 2019.
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG tem o apoio da Secretaria Especial de Esporte do Ministério da Cidadania, que financia os projetos Formação de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa Aplicados ao Esporte de Alto Rendimento e Esporte Paralímpico de Alto Rendimento: Formação de Atletas, de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa. Os projetos desenvolvem ações em modalidades olímpicas e paralímpicas, atuando desde a iniciação esportiva até o alto rendimento, na cidade de Belo Horizonte e sua região metropolitana.