Por Bruno Freire
O Centro de Treinamento Esportivo da UFMG (CTE-UFMG) voltou ao sistema de treinos remotos desde o último dia 15 de março. O retorno dos treinamentos online se deve ao agravamento da pandemia do coronavírus e a retomada à etapa zero do plano de retorno das atividades presenciais da UFMG.
Com o aumento do número de casos e da taxa de ocupação dos leitos das Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), os profissionais do centro acreditam que os treinos presenciais colocariam os envolvidos, tanto atletas como equipe técnica e multidisciplinar, em risco.
Apesar de ser uma forma de preservar a saúde física dos atletas, essa decisão apresenta um risco para a saúde mental da equipe. Para evitar esse problema, os profissionais da psicologia do Centro são de extrema importância.
Hoje, o trabalho da equipe de psicologia está voltado para a elaboração de novas metas e no controle das emoções neste tipo de situação desafiadora. Os profissionais também desenvolvem trabalhos com os atletas para minimizar os impactos do retorno dos treinos em casa.
Segundo o coordenador da área, o professor Franco Noce, a incerteza sobre o futuro dos atletas pode gerar casos de ansiedade e, em casos mais extremos, até mesmo um quadro de depressão.
“Todo processo de mudança pode provocar um desconforto pela necessidade de adaptação. Pode gerar ansiedade em função da incerteza ou pela percepção de eventuais prejuízos provocados. Entretanto, é importante lembrar que essa condição é individual (dependendo do perfil resiliente de cada atleta)”, alerta o professor.
A atleta de judô do CTE, Paula Clark, faz parte da porcentagem da equipe que já havia recomeçado os treinos presenciais, durante o período em que esteve vigente a fase 1 de retorno às atividades. Sobre a volta do regime remoto, a atleta afirma ser um momento bastante desanimador e pior do que a primeira vez. Segundo ela, a falta de material adequado e do atendimento direto com os profissionais do Centro são bastante desafiadores. Assim como os outros atletas, para minimizar esses impactos, Paula conta com um acompanhamento próximo da equipe de psicologia.
“Ajuda a manter o foco nas metas e objetivos do esporte, mesmo sem um calendário como base. Realizamos trabalhos específicos, pois tivemos tempo à disposição para desenvolver novas técnicas da psicologia, como a mentalização. Enfim, ajudou demais porque, pra um atleta, parar a vida de treinos e competições de uma vez foi bem tenso. Desregulou a rotina, sono, alimentação e etc. É necessário reajustar literalmente tudo!”, comentou a judoca sobre a importância do trabalho realizado juntamente à profissional Poliana Fraga, psicóloga do Centro.
Etapa 0
O retrocesso à Etapa 0 do Plano de Retorno da UFMG, que começou a vigorar no dia 15 de março, com a suspensão das atividades presenciais na Universidade, tem validade prevista de duas semanas. O possível retorno à Etapa 1 ou a permanência da medida dependerá de decisão da Reitoria, com base nas avaliações da assessoria do Comitê Permanente da UFMG de Enfrentamento ao Novo Coronavírus, além da análise da Comissão de Acompanhamento do Conselho Universitário. A evolução é orientada pelos indicadores epidemiológicos e assistenciais das cidades, pelo grau de adesão da comunidade da UFMG às medidas comportamentais e pela ausência de surtos da doença.
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG tem o apoio da Secretaria Especial de Esporte do Ministério da Cidadania, que financia os projetos Formação de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa Aplicados ao Esporte de Alto Rendimento e Esporte Paralímpico de Alto Rendimento: Formação de Atletas, de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa. Os projetos desenvolvem ações em modalidades olímpicas e paralímpicas, atuando desde a iniciação esportiva até o alto rendimento, na cidade de Belo Horizonte e sua região metropolitana.