Por Bruno Freire
Durante a quarentena devido à pandemia da Covid-19, uma das principais dificuldades do público em geral é manter uma boa qualidade de sono. Nesse período, a quantidade de pessoas que reclamam de insônia e de noites mal dormidas aumentou bastante devido às mudanças causadas pelo isolamento social. Os dados divulgados pela Royal Philips no último dia 18 de março (Dia Mundial do Sono) confirmam o que parece ser uma impressão nossa.
De acordo com a pesquisa anual sobre o sono realizada pela empresa, 74% dos entrevistados apresentaram um ou mais problemas de sono, sendo que 50% deles relataram que a pandemia afetou diretamente sua capacidade de dormir bem. Um outro dado que chama a atenção é o fato de que 47% dos entrevistados relatarem acordarno meio da noite. A pesquisa ouviu 13 mil adultos, em 13 países diferentes, entre eles o Brasil.
A preocupação é ainda maior quando nos atentamos à situação dos atletas. Isso porque o sono é fundamental para garantir o nível de desempenho. O processo de recuperação é fundamental para a obtenção de melhores resultados esportivos e, o fator primordial para o processo regenerativo é o sono.
O tema é abordado na edição nº 21 do gibi “Dona Ciência”, de autoria dos professores da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG (EEFFTO-UFMG) e integrantes da coordenação do Centro de Treinamento Esportivo da UFMG (CTE-UFMG), Andressa da Silva de Mello e Marco Túlio de Mello, em parceria com o professor da Universidade Federal de São Paulo, Sergio Tufik, especialistas na área. O gibi é idealizado pela professora Monica Andersen, da Universidade Federal de São Paulo.
A publicação destaca que a recomendação de tempo total de sono entre atletas é de 9 a 10 horas (respeitando as diferenças individuais). Porém, os atletas têm dormido em média 5 horas e meia por dia, sendo que 50% deles se queixam de algum problema de sono e 75% reclamam da má qualidade de sono (acordam cansados).
Segundo a professora Andressa Mello, os principais fatores que contribuem para a queda da qualidade do sono são a ansiedade e as mudanças na rotina e na alimentação, situações comuns durante o período de quarentena. Dentre os problemas gerados por esse fenômeno, estão a diminuição da produtividade durante o dia, alterações no humor e redução das funções do sistema imunológico, que é responsável por proteger o corpo contra doenças.
Para evitar isso, algumas dicas são dadas pela professora:
- criar uma rotina de sono e evitar sonecas muito longas;
- separar o trabalho da rotina da casa;
- não beber bebidas estimulantes e alcoólicas durante a noite;
- não comer antes de dormir;
- cuidar da saúde mental mantendo contato à distância com amigos e familiares e criando hobbies;
- evitar aparelhos eletrônicos durante a noite.
Dona Ciência
O Dona Ciência é um projeto nacional de apoio à mulher na ciência. O grupo de pesquisadoras é constituído por mulheres e liderado pela professora Mônica Andersen. Até o momento, foram publicadas 30 edições de gibis temáticos explicando questões específicas relacionadas à ciência e pesquisa, de maneira didática e acessível, entre esses, o relacionado ao sono dos atletas.
É possível acessar a publicação sobre o sono e as outras edições do gibi pelo endereço: www.monicaandersen.com.br.
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG tem o apoio da Secretaria Especial de Esporte do Ministério da Cidadania, que financia os projetos Formação de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa Aplicados ao Esporte de Alto Rendimento e Esporte Paralímpico de Alto Rendimento: Formação de Atletas, de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa. Os projetos desenvolvem ações em modalidades olímpicas e paralímpicas, atuando desde a iniciação esportiva até o alto rendimento, na cidade de Belo Horizonte e sua região metropolitana.