Por Fabiano Gueiro
Hoje, 08 de março, é considerado o Dia Internacional da Mulher. A data é, muitas vezes, associada ao incêndio em uma fábrica têxtil em Nova York, em 1911, quando 146 trabalhadores morreram carbonizados em um incêndio, sendo 125 mulheres. Esta é apenas uma das origens da data, que marca uma história de luta e mobilização de mulheres operárias desde o final do século XIX. Em 1977, a ONU (Organização das Nações Unidas), declarou então que o dia 08 de março seria em homenagem às mulheres que lutam por justiça, igualdade e respeito.
No esporte a luta foi igual. As mulheres, desde o início dos Jogos Olímpicos da era moderna, brigam por espaço e suporte em um universo extremamente machista. Com o passar das gerações, as atletas conseguiram aumentar a participação também nesse espaço e hoje representam 49% dos atletas que participarão das Olimpíadas de Tóquio.
O cenário se reflete também aqui no Centro de Treinamento Esportivo da UFMG, em que as atletas que integram ou integraram a equipe alcançaram posições de destaque em competições nacionais e internacionais.
No entanto, ainda há muitos desafios ao longo da carreira dessas mulheres. Por isso, reunimos três atletas para saber: Quais os desafios de ser uma mulher no esporte?
A seguir, os depoimentos das atletas Cristiane Galvão Afonso Costa, do Triathlon; Julia Alves Carvalho, do Atletismo, e Bárbara Rodrigues da Cunha, do Salto com Barreiras.
Para Cristiane, o mais difícil foram os dias de treinamento: “ Eu tinha medo de ir treinar sem companhia, não ia treinar ser ter alguém junto. Por medo de ser assaltada, de roubarem minha bicicleta, meu relógio, por ser mais frágil e estar sozinha.” comentou. Mas isto não ocorria apenas nos treinos com bicicleta, as corridas a pé também eram incluídas no medo de Cristiane. “Eu gosto muito de correr na rua, mas sempre vou nos horários que me parecem ser mais seguros, que no caso são os horários de pico”, disse a atleta. Até mesmo lugares renomados de Belo Horizonte entravam na pauta de segurança imposto pela atleta de Triathlon do CTE. “ Digamos que eu queira dar uma volta na Pampulha umas duas horas da tarde, um horário tranquilo, bom de correr por ter poucas pessoas pelo fato de estar vazio, eu já não iria. Justamente pelo mesmo medo de ser assaltada, de levarem meus pertences ou até coisa pior”, comentou. Sobre o CTE, a atleta foi bem sincera sobre sua passagem pela modalidade: “ Tive excelentes colegas, treinadores. O CTE é maravilhoso, sempre fui super incentivada, sempre tive alguém para treinar”, completou Cristiane.
Para Julia, os preconceitos passados ainda são muito graves, isso desde os tempos gregos, no início dos jogos. “ Falta de visão sobre nós, não somos vistas muitas das vezes por sermos mulheres. Viemos de um tempo em que não podíamos participar nem das Olimpíadas, o maior evento do mundo se não me engano, no ano 1896. Nesses tempos não podíamos fazer nada”, disse a atleta. Mas Julia ressalva um ponto importante hoje e deixa um recado: “ Hoje temos mais voz para brigarmos pelo nosso direito, pelo nosso espaço. Lugar de mulher é onde ela quiser!”, completou.
Para Bárbara, a falta de apoio é um dos grandes desafios encontrado pelas mulheres no esporte. “ Muitas atletas são boas no que fazem, teriam um ótimo futuro no esporte e não recebem um apoio necessário e isso ajuda muito uma atleta e até a motiva a continuar”, comenta. Mas Bárbara toca em um ponto importantíssimo sobre as mulheres no esporte e mantém o mesmo recado: “ Mesmo com muitos desafios e dificuldades, o número de mulheres em diferentes modalidades esportivas vem crescendo e fortalecendo que o lugar de mulher é onde ela se sente confortável”, completou.
PRINCIPAIS CONQUISTAS
Julia Alves Carvalho:
Campeã brasileira sub18 – 2017
3a colocada Campeonato Brasileiro sub20 – 2018
Campeã brasileira sub20 – 2019
4° lugar Sul-americano Cáli/COL 2019
3° lugar campeonato brasileiro sub23 – 2020
Bárbara Rodrigues da Cunha
Campeã brasileira sub-16
Campeã brasileira sub-18
2º no campeonato sul-americano – Cali/COL 2019
Campeã brasileira sub-20
Cristiane Galvão Afonso Costa
1° lugar Circuito Banco do Brasil- 10km 2017
2° lugar geral Triatlon Hi Limits – percurso olímpico 2017
3° lugar geral Circuito Esportivo Minas Tênis Clube – Triatlon 2017
1° lugar geral feminino VII Copa Centro Oeste de Duatlon 2017
1° lugar geral feminino SSTS Cabo Frio – 2017
1° lugar geral feminino All Limits – 2018
1° lugar geral feminino Circuito Corrida Caixa – 10km 2018
1° lugar geral All Limits – 2018
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG tem o apoio da Secretaria Especial de Esporte do Ministério da Cidadania, que financia os projetos Formação de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa Aplicados ao Esporte de Alto Rendimento e Esporte Paralímpico de Alto Rendimento: Formação de Atletas, de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pesquisa. Os projetos desenvolvem ações em modalidades olímpicas e paralímpicas, atuando desde a iniciação esportiva até o alto rendimento, na cidade de Belo Horizonte e sua região metropolitana.